01,0 2, 03 e 04 de maio de 2013 em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Professora Sonia Salles

Hoje vamos começar a mostrar o time de professoras do 

Floripa Quilt 2012.


Temos a presença confirmada da querida professora 
Sonia Salles 

Manta feita pela Sonia 
Técnica ensinada no Festival de Artesanato Algodão Doce 2011


Sonia e seu quilt premiado na categoria "Melhor Quilt"
Festival de Patchwork Gramado 2010



Técnica FLIC-FLAC trabalho feito pela Sonia.


Nos vemos em Maio!
Até lá!

domingo, 22 de janeiro de 2012

A tradição da Rendeira

Olê mulher rendeira...





O sol da tarde brilha a pico e um ventinho fresco se 

intromete pela janela entreaberta da Fortaleza de São 

José da Ponta Grossa. É um bálsamo no dia abafado 

de dezembro na Praia do Forte, no norte de 

Florianópolis. As paredes de pedra erguidas para 

proteger a Ilha do Desterro das invasões espanholas 

guardam uma figura singular. Acomodada em um 

cantinho onde a brisa é quase vento, Neli da Luz não 

sente calor, tédio ou cansaço. Apenas tece. Os dedos 

nodosos vão pra lá e pra cá, bilros pra todo lado e 

pronto. Assim, sem alarde, a rendeira acabou mais 

uma pequena obra de arte feita de fios presos a 

pedaços de madeira.


Desde que o antigo forte português foi restaurado 

pela Universidade Federal de Santa Catarina, há 18 

anos, Neli senta ao lado da mesma janela, 

emaranhando fios e fazendo renda. Sobre a almofada, 

a rendeira de 56 anos tece toalhas, colchas, cobertas 

de mesa. Tece a trama da sua vida em forma de 

flores, folhas, pétalas, lágrimas. E com seu sotaque de 

manezinha, descreve o orgulho de ser o que é. "Sou 

rendeira desde os sete anos, nunca tive outra 

profissão".


Moradora da praia de Canasvieiras, Neli passa mais de 

uma hora por dia dentro dos ônibus que a levam para 

a Fortaleza, onde produz e expõe seu trabalho. Não 

tem vínculo empregatício com ninguém, não recebe 

salário, não tem carteira assinada. Mas agradece a 

oportunidade de estar ali, no patrimônio histórico 

visitado por tanta gente. "Ah, minha filha, quando é 

verão isso aqui enche de gente na minha volta. Ficam 

todos loucos pra saber como eu faço a renda. Daí eu 

explico como se faz, mostro as peças prontas. De vez 

em quando vendo alguma coisa também. Até canto a 

música das rendeiras, conhece?


Olê mulher rendeira, olê mulher rendá

Eu te ensino a fazer renda, tu me ensina a namorá"



A pele clarinha e os olhos muito azuis revelam a 

origem de Neli e sua renda. Nascida e criada na Praia 

do Forte, ela descende dos açorianos que trouxeram 

para o Litoral Catarinense a arte que hoje executa com 

maestria. Em janeiro de 1748 desembarcaram 473  

pessoas na localidade do Ribeirão da Ilha. Em pouco 

tempo, espalharam-se pela costa de águas cristalinas 

e pesca farta. Além de cuidar dos filhos, da pequena 

roça de subsistência e da casa, as mulheres ainda 

ajudavam os maridos na pesca. Quando não iam elas 

próprias para o mar, auxiliavam no conserto e 

fabricação de redes. No tempo livre que sobrava _ se 

é que é possível imaginar algum tempo livre depois de 

tudo isso _ elas exercitavam a arte usada no país de 

seus antepassados para enfeitar as roupas e mesas da 

nobreza e do clero.


Embuída de uma inexplicável energia, ela cumpre a 

mesma rotina de suas tataravós _ com exceção da 

roça. O marido, Celso, é pescador e servente de 

pedreiro. Foi ajudando o companheiro a pescar e a 

virar massa e fazendo renda no tempo que sobrava 

que ela trouxe ao mundo sete filhos. A herança 

tramada na renda, no entanto, vai morrer com Neli.


"As duas filhas menores não quiseram aprender. A 

mais velha é habilidosa, mas preferiu descascar ostra. 

Dá mais dinheiro", lamenta.


Neli acredita que a facilidade de encontrar emprego 

remunerado está fazendo a nova geração perder o 

interesse pela habilidade de suas mães e avós. "As 

rendeiras estão ficando velhas e doentes. Quando não 

é a coluna a incomodar, é a vista que não funciona 

direito. Eu vou fazer renda enquanto enxergar. Mas só 

enquanto enxergar", diz Neli.


Quando mais uma velha rendeira para, uma filha, 

neta, sobrinha, vizinha ou amiga precisa tomar o seu 

lugar. No entanto, a arte dos bilros é aprendida aos 

poucos, no curso de uma convivência longeva. E o 

tempo e o interesse das jovens já não é mais o 

mesmo que Neli tinha quando observava sua mãe 

sentada à almofada, rendando.


Turistas acostumados a passear pela Avenida das 

Rendeiras, em Floripa, veem as pequenas casinhas 

com portas estreitas, de cujos marcos pendem 

toalhas e colchas, e imaginam que o costume está 

seguro entre as mulheres da Lagoa da Conceição. 

Neli, no entanto, alerta que aquilo é só aparência. 

Sem jovens rendeiras, a tradição está condenada.


A prefeitura de Florianópolis assinou, recentemente, 

um termo de cooperação com o Ministério da Cultura 

para transformar o Casarão da Lagoa no Centro de 

Referência da Mulher Rendeira. Depois de reformado, 

o prédio abrigará exposições, loja, biblioteca, centro 

museográfico e oficinas, para garantir o repasse desse 

costume.


Enquanto a capital catarinense não colhe os frutos de 

seu empreendimento em favor da tradição rendeira, 

Neli e suas pares fazem o que lhes cabe na 

manutenção desse legado: rendam. Nos meses de 

inverno, quando os turistas rareiam, Neli permanece 

ali, sentada na janela da Fortaleza, tecendo o estoque 

do próximo verão. Quando precisa ajudar o marido, 

bate seus bilros à noite, enquanto todos dormem. 

Quando a maré lhe traz amarguras, como a morte de 

dois filhos, lágrimas de linha fina ornam mais uma 

toalha. Os momentos de felicidade, como o 

nascimento dos seis netos, vêm bordados com flores 

nas roupas de bebê.


Neli da Luz é rendeira, é mãe, é mulher, é feliz. Sorri 

fácil e solta o verbo sem desgrudar um minuto dos 

bilros. Estar ali, "naquele lugar histórico e lindo", ser 

paparicada por visitantes, vender seu trabalho, 

conversar com as companheiras de ônibus, ajudar os 

filhos, preparar aquela estopa de peixe com o tempero 

que o marido adora. É essa a vida que Neli da Luz 

trama na simplicidade de seus fios, na delicadeza de 

seus guardanapos e de seu cotidiano.

Artigo de Revista Donna, do Jornal Zero Hora
Fotos de Patrick Rodrigues

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Calendário de feiras de patchwork 2012

A Turismo & Arte é uma empresa que organiza viagem para os nossos destinos preferidos: Feira de Patchwork!
Confira o calendário de eventos para este ano e programe-se! 
Estamos te esperando!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A cesta de costura



Nesse ninho de fitas e de rendas...

No perfume sutil da formosura...

Vão meus versos viver de aroma e risos

Entre as flores da cesta de costura....

     CASTRO ALVES